terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Entrevista com a joqueta M. Karoline-AP.4

Boa noite a todos,

Neste final de semana no hipódromo tive uma ótima conversa com a Milenna Karoline, que é aprendiz de joqueta. Com 8 vitórias registradas, Milenna atualmente não se encontra competindo devido às dificuldades em conciliar a carreira de veterinária com a de joqueta, dando preferência, claro, à primeira. Apesar de não mais competir, Milenna atende os animais no Hospital Veterinário do Hipódromo da Lagoinha, além de trabalhar no paddock em dias de competição fazendo a avaliação dos animais inscritos.

Foi uma conversa informal, e essa conversa resolvi colocar aqui no blog como uma entrevista, por ser uma ótima pessoa, muito simples e sempre atenciosa.

GRH – Qual a sensação de se montar um cavalo de corridas, de experimentar a velocidade nas retas, que é quando ele dá o máximo de si?

M. Karoline -  Olha, é uma sensação indescritível.  A melhor comparação que consigo fazer é a de estar em uma montanha russa, mas daquelas grandes. A largada é como a saída do trenzinho da montanha russa, e o desenrolar da prova é quando a montanha russa ganha velocidade. A entrada da reta então, nem se fala. Mas é complicado explicar.

GRH – Existe mesmo essa integração entre jóquei e cavalo, de que tanto falam?

M. Karoline - Ah, existe sim, claro. É maravilhoso quando “pegamos a mão” no cavalo, e quando o cavalo sabe exatamente como vai ser exigido. A integração chega ao ponto de percebermos exatamente quando e como ele vai reagir quando for exigido, e também ao ponto de percebermos quando nossa montaria não está em seus melhores dias. É como se ele nos dissesse “desculpe, hoje não deu”.

GHR – Você teve oito vitórias na carreira. Dos animais que montou para vencer, com qual você se identificou mais?

M. Karoline – Sem dúvidas foi o Jack Nético. Foi o cavalo com o qual mais venci, tive três vitórias com ele. Ele era um animal muito manhoso, que precisava ficar com o capuz até o momento da largada. Mas depois que largava, era muito fácil de lidar com ele na prova, obedecia prontamente e não me dava trabalho algum na condução. E quando entrava na reta ele fazia uma coisa que nenhum outro cavalo que montei fazia. Dava para perceber no momento exato em que ele aspirava mais ar, estufando o peito, ficando pronto para o arranque final. Quando percebia que estava pronto, era vitória certa.

GHR – Como foi o começo?

M. Karoline – Sempre gostei muito de cavalos, e sempre quis montar. Aprendi a montar aqui no hipódromo mesmo, a as primeiras montarias foram duas éguas da raça Campolina, a Quaema e a Princesa, que estavam sob o cuidado do E. Santos. Eram muito mansas, dessas de criança aprender a montar. Depois comecei a treinar com um PSI chamado Minstrel Gallery, que também era muito manso. Mas que não gostava da pista (risos), empacava e precisava ser tocado. Inclusive nas corridas não largava de jeito nenhum. Mas não cheguei a montá-lo em provas.


GRH – E os treinos de pista?

M. Karoline – Os treinos de pista começaram com o Hackman, um PSI que chamávamos de professor. Ele era muito tranqüilo, nos ensinava mesmo como comportar em uma pista. Só precisava ficar atenta com ele, porque adorava disparar na reta.... mas mesmo assim protegia a gente, sempre vinha no meio da pista, longe das cercas, e assim que cruzava o disco ele parava. Não tinha maldade nenhuma, só adorava correr.

GRH – E quais foram os animais com os quais venceu?

M. Karoline – Bom, a primeira vitória foi com o Just a Champ, e dele não posso falar muito porque só montei uma vez. Mas já valeu, né! (risos...). Com o Jack Nético foram três vitórias, adorava esse cavalo. Depois dele, venci duas com o African Bet, que também era muito fácil de conduzir, não dava trabalho nenhum, e diferente do Jack Nético, ele arrancava na parte final da prova, nos 200 metros finais. As outras duas foram com o El Garufo e com o Raverman.

GRH – Atualmente você está afastada das competições, e não a vemos nem montando mais. Você não sente falta?

M. Karoline – Sim, sinto falta. Mas infelizmente não estou encontrando uma forma de conciliar as provas com meu trabalho. Ser veterinária de animais de grande porte significa constantes viagens, deslocamento até fazendas e chegar em casa tarde. Mas ainda quero montar em treinos, só preciso acertar com treinadores que não se importem em cavalgar seus cavalos no final da tarde, que é quando posso vir ao hipódromo.

M. Karoline montando Dorian Esse


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